De fato quis deixar que meus olhos se fechassem, no escuro a dor é mais amena. Então talvez por falta de opções me calei e quis sofrer em silencio, mas sentada ali naquela sala, as palavras daquele jovem me golpeavam como se espinhos entrassem lentamente na minha carne , e como se a dor me causasse prazer. Aos poucos as lágrimas iam escorrendo pela minha face já marcada perceptivelmente pela minha triste realidade, era impossível disfarçar o sofrimento.
Talvez ele não tenha percebido e indiferente prosseguiu. Ele falava de sentimentos e das minhas sensações mais profundas. Inspirado por algo divinamente real , ele pode me resgatar da ilusão e me mostrar o caminho de volta pra realidade .
Foi assim que naquela noite com um desconhecido aprendi que não era a única a me trancar no meu sofrimento, e a me auto defender na minha própria solidão. Por instantes me via em seu lugar, mas não sei se seria capaz de transmitir o mesmo discurso com tamanha autoridade e sentimentalismo... "Só entende de dor, quem sente dor." "Só entende de lágrimas quem já chorou." "Só entende de enfermidades quem já esteve enfermo."
Mesmo consciente de que não estava sozinha naquela sala, e que não era a única a sentir os efeitos daquelas frases... senti como se tivesse a alma transportada a um lugar de reencontro, comigo mesma e com o motivo da minha existência. Não quero falar de fé... porque ainda não me sinto ousada e segura o suficiente. Mas confesso que algo naquela noite despertou-me para a vida, me encorajou a prosseguir , mesmo que seja numa busca infinita de mim mesma, e quem sabe até do próprio Deus.
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