Anoiteceu... ouço passos, e por isso sei que está na hora de voltar.... voltar para o mesmo lugar de sempre, para o meu esconderijo, meu mundo, meu quarto. Eu até tentarei um disfarce, talvez toque alguma coisa.... mas a necessidade de estar em silêncio é tão forte, que a voz não sai e o próprio violão emudece, tranco as portas e sei que no fim acabarei aqui , nessa descoberta infinita de mim mesma, nessas revelações surpreendentes, e construções que nunca terminam.
Não preciso me preocupar, não vai chegar ninguém, nunca alguém teve a coragem de entrar. E mesmo que tivesse... não faria muita diferença. Poucos sabem ler os sinais das paredes cinzas do meu quarto, poucos compreendem a cor cinza, poucos percebem o buraco da janela, e quase nunca entendem o porque. Minha vida é um segredo, talvez eu seja mesmo incompreensível, talvez apenas me esconda. É estranho olhar a vida do lado de fora, de um buraco na janela, ao menos tenho uma visão contraria do que realmente acontece, e isso ameniza, torna um pouco mais fácil... viver. (...)
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