quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Vestigios

...Quase sem forças, escorro da cama para o chão e caminho devagar pela casa, vazia e silenciosa como sempre. Tem algo que me assusta, o medo de ao olhar no espelho ainda encontrar como vestígio da noite de sonhos, um meio riso no rosto. Algo que condenaria minha fisionomia pelo o resto do dia, até que escurecesse. Me obrigando a viver a vida de uma forma mais amena, mais tranquila... cantarolando qualquer melodia sem letra, parecendo mais satisfeita do que antes.
Olho para o lado, no relógio são 12:40hs e em baixo da minha janela ouço um som como se alguém cortasse as flores do meu jardim. Mas não tenho um jardim e nem sei cuidar de plantas. Ainda estou na cama, não sei se ela que insiste em me manter presa sua, ou se eu que insisto em me privar. Estou vestindo um short curto e uma blusa social aberta. Meus braços doem, meu corpo inteiro dói, de cansaço, de puro sedentarismo.
O rádio toca qualquer coisa em inglês que não entendo mas admiro. O telefone toca outra vez. Desde que meu sonho se foi, ele não para de tocar. Deve ser a realidade cumprindo a difícil tarefa de me despertar de uma vez por todas. Ao sair na varanda sinto uma dor de cabeça angustiante. A claridade do dia torna tudo mais claro para mim. Num desespero que é quase um arrependimento, desejo voltar a noite que passou para apagar o sonho, para esquecer o homem... mas qualquer esforço que eu faça é inútil: ele está em mim. Mais uma invenção da minha carência, mais um fuga nas minhas noites de insônia... com uma diferença: desta vez ele tem nome, tem rosto, tem voz.
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Um comentário:

  1. NOssa leu meus pensamento e colocou em poesia.
    Adorei,, e estou adorando seu blog. beijoss

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