quarta-feira, 5 de maio de 2010

Carta a um pai ausente




Talvez, você esteja no sofá da sala vendo TV e bebendo cerveja. Talvez esteja nas escadas da varanda, admirando o seu carro e fazendo novos planos, ou talvez esteja no carro ouvindo CD sertanejo que eu  dei a  você no Natal. Eu estou aqui sentada na janela, tentando ver  atrás das montanhas, tentando encontrar algum motivo no céu que me convença de que o melhor para mim é permanecer longe de você. Então eu fico juntando todos os nossos erros do passado e frequentemente me pergunto como seria minha vida nestes 9 anos que você não fez parte dela, se de repente as coisas tivessem dado certo para nós três.

Mamãe não se casou novamente , ela não diz , mas acredito que você tenha sido uma página tão significativa na vida dela que ela optou por não escrever nada por cima, para não apagar seu nome, nem sua lembrança de nossas vidas.

Você nos marcou profunda e perpetuamente com seu jeito machista de ver as coisas, de não se apegar a responsabilidades e sempre cair fora quando algo dá errado. Com sua tendência a dar mas valor á vida lá de fora, ouvindo o que seus amigos diziam, e se deixando levar por mulheres que não tem a mínima consideração pela instituição casamento e sequer sabem o que é família. Mas a mamãe está bem, superou e hoje olha triunfante todas as suas conquistas , inclusive a de se ver livre de você.

Eu não posso dizer o mesmo, desenvolvi uma insegurança enorme para quase tudo o que eu faço. Quando paro e observo minha vida hoje, me sinto perdida nessa casa tão grande, abandonada ... como se você tivesse dito: " Um dia volto pra te buscar" mas você não voltou. Você nos causou muitas marcas e elas vieram junto com a mudança, não sei s eu vou superar isso. Com sorte talvez eu possa sobreviver por mais 9 anos longe de você.

Espero você voltar, sabia? Mas para isso você teria que abandonar mais uma família, não é mesmo? Não quero que meu irmão sofra. Ah! É verdade , você já cuidou disso. Lamento que ele só a tenha você e precise precisa suportar a madrasta, essa mulher fria que está ai do seu lado.

Quando é que você vai crescer? E arcar com as consequencias de seus atos? Será que você não aprende mesmo? Sinto sua falta, sabia? No sofá ainda tem seu lugar, e aquele retrato esta na parede do meu quarto. Você estava tão confiante no dia do meu batismo, me segurando em seus braços tão orgulhoso...
Se você sentir saudades... ou se sentir culpa. Se houver alguma coisa que eu possa fazer... A gente podia sair qualquer dia para conversar. Tenho tanto pra dizer. Mas o que eu não posso suportar, é seu silêncio, seu jeito frio de se manter distante. É domingo. Estou esperando você me ligar.

Com saudades,

Sua filha.

Notas: Esse texto foi publicado no meu blog ( agora inexistente) Paixões Inventadas , e é de minha autoria , a imagem foi retirada da internet.

10 comentários:

  1. oi Fabi,estou com saudades,gostei muito do seu post,sei bem que sentimento é este que vc expos,e gostei tanto que tomei a liberdade de postar em meu blog *Jesus e eu,dando claro,os devidos créditos,um beijo grande.

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  2. Conheci seu blog atraves do blog da Alessandra!!
    Muito profundo o texto "Carta a um pai ausente"

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  3. Oi Fabi, também estou te seguindo pelo blog da Alessandra. O seu texto é muito forte, me fez chorar e neste momento oro para que o seu pai enxergue a bela filha que tem. Você é muito especial. Tenho uma amiga, a Tati, que viveu algo parecido. O pai dela foi embora quando ainda era criança;;; ele apareceu na formatura da faculdade. Todo orgulhoso. Creio que isso acontecerá com vc também. A Tati perdoou o pai e isso foi bom...
    O seu coração é lindo. Deus te abençoe ricamente!

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  4. Ou Fabi, você me emocionou. Que droga esse negócio de pais que não cuidam do amor das filhas! Que droga esse amor das filhas que não passa! Queria lhe dar um abraço e dizer algo que lhe curasse definitivamente, mas isso não existe, nem o abraço quando tão longe, nem as palavras mágicas. Sabe, quando algo doer muito, chatear você, deixe pra lá, pense no que lhe faz feliz; e acredite, tudo é vaidade e aflição de espírito. A busca pela felicidade passa por um caminho tortuoso, mas é justamente nele que temos que saber ser feliz. Abraço menina e desculpe qualquer coisa.

    Eu vim para agradecer o seu comentário em meu o verbo blogar e olhe o que aconteceu. (sorrio emocionado).

    Jefhcardoso

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  5. Fabi, estou aqui novamente em minha visita relâmpago, vim lhe convidar a ler o novo capítulo de “O Diário de Bronson (A Continuação de O Chamado)” e deixar o seu comentário.
    Retornarei com melhores modos. Tenha uma boa semana.
    Abraço do Jefhcardoso!
    http://jefhcardoso.blogspot.com

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  6. Dá pra sentir a dor das palavras. Lindo!

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  7. ¬ £mOçÃ0 ¬

    Pow tô sem palavras,
    Nem sei o ki comentar, pow vc sabe da minha história néh!?
    Pow não é inveja não, mas quem me dera ter o DOM de escrever como vc escreve, de passar prás pessoas o ki vc ta sentindo em forma de poesia e de lindos textos. Vc pode até ta ajudando alguém sem saber rs.

    Eu desejo ki seu pai perceba o erro ki ele ta cometendo e ki comece a repará-lo antes ki seja tarde demais...
    Essa sua história foi um pouco parecida com a minha... Mas espero de todo o meu coração ki nao termine como a minha termino!

    Te desejo td de bom e ki seu pai aquele loko ki ele coloque a mão na consciência e veja o ki ele ta fazendo _massacrandoteucoração_.

    bjoÓ0! *.* Te Adoro!

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  8. Vcs sabem que eu sempre agradeço os comentários, postando(deixando um no blog de cada um) , mas diante da emoção que me fazem sentir palavras tão bonitas e amigas como essas , não posso deixar de registrar também aqui meu agradecimento. Estou emocionada ( mesmo de verdade)

    Obrigada amigos queridos *~*

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  9. Oi Fabi,sei bem oq ta sentindo pois estou passando pela msm coisa.Mas sinto q não fui uma filha desejada por ele, mais quando estou com as pessoas especiais como vc, minha mãe e a Bia eu fico bem e esqço pro um momento da grande dor de um Pai q não liga pra mim. beijos e seje bastante forte e as ensegurança são frutos dos traumas q estamos vivendo.

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  10. Tâmara
    Olá Fabi, li a sua carta e me emocioneei, muito lindo, taambem passei por algo parecido... Fui criada pela miinha vó ate os meus 13 anos,pois ate então não conhecia meu pai. Minha vó faleceu eu tinha 13 anos e aos 14 miinha mãe me apresentou a meu pai(Bom,pelo menos achamos que fosse)e so agora 6 anos depois fizemos o teste de DNA e deu negativo...Miinha vidavirou de cabeça para baixo,não sei se realmente deu negativo,se foi erro ou se ele mesmo que com que desse negativo.... Muito triste...

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