Dia desses me lembrei das primeiras conversas que tive com o psicologo que me atendeu logo quando procurei ajuda. Me lembro o que ele disse, depois de me ouvir reclamar sobre os meus fracassos. Espera. Eu disse "fracassos" ? Mas afinal de contas, o que uma garota de 21 anos já viveu da vida para colecionar fracassos? A gente se cobra muito e eu sempre cobrei muito de mim mesma. Bom, ele me disse: "o que você considera como fracasso? Há fracassos e 'fracassos' e quanto a se sentir vazia, ás vezes o melhor a se fazer é aceitar que o vazio existe e tentar lidar com isso sabe, levar a vida numa boa."
Eu passei tanto tempo tentando superar esses "fracassos" e tentando preencher o meu vazio que perdi toda a noção do quanto era importante me tratar com carinho e respeito. Então, qualquer otário que se aproximasse e me dissesse uma meia dúzia de elogios, ou que me ligasse por semanas ou que simplesmente demonstrasse interesse em estar comigo conseguia me cativar. E mesmo que o cara me humilhasse ou me tratasse mal, eu estava lá implorando pra ele não me deixar, implorando pra ele ficar comigo porque eu não saberia o que fazer da minha vida sem ele.
Há tanta gente mal intencionada nesse mundo, não é aconselhável se abrir e se derramar inteira por qualquer um. Mas quando você vive uma vida solitária e não suporta a própria companhia, qualquer um que se disponha a passar o tempo com você, é visto com bons olhos porque no fundo você só quer alguém pra desviar o foco, alguém que te faça olhar pra fora, já que enxergar o vazio dentro de si mesmo dói demais. E então você se apega, e já que se apega faz planos, e quando faz planos cria expectativas. Só que algumas vezes (na maioria das vezes), esse cara só quer mesmo passar o tempo com você. Um dia ele vai embora e a sua lista de fracassos aumenta porque mais uma vez você tem certeza que a culpa foi sua.
Bom, então se quer um conselho, se trate com carinho e respeito. E não se derrame inteira só porque um cara pagou uma bebida pra você, mexeu no seu cabelo e disse o quanto você é bonita. Não aceite menos do que você merece. Não se prenda a relacionamentos ruins, que te deixam pra baixo e te deprimem, só porque acha que não merece ou que nunca vai conseguir alguém que goste de você de verdade. Quantas vezes, entramos em relacionamentos que nem é o tipo de relacionamento que gostaríamos ou aprovaríamos. Eu costumava dizer a mim mesma quando pensava sobre o Rafa: "gosto de estar com ele porque ele faz por mim o que eu não sou capaz de fazer: ele me ama". Talvez fosse verdade. Mas ele foi embora, pessoas não são pra sempre. E quando ele se foi, eu continuei sem amor porque eu não era capaz de fazer isso por mim. E ainda bem que aprendi a me amar porque se dependesse do "amor" dele, eu estaria bem mal.
Não é que você não vá se relacionar, não é que não vá flertar com o carinha que te pagou uma bebida. O que estou dizendo é que não se deixe precisar ouvir um elogio de um cara para que seu dia seja melhor, ou ter alguém ao seu lado para que a sua vida ganhe sentido. Como o psicologo me disse, ás vezes a melhor maneira é aceitar que o vazio existe e levar a vida numa boa. Não tenha medo de olhar pra dentro de si mesma. Não tenha medo de encarar seus vazios. E não se culpe por erros que não foram seus. Afinal, a culpa não tem que ser só sua o tempo todo. Pessoas não são perfeitas: é humano errar e as coisas não dão certo o tempo todo. Não precisa eleger um vilão, nem se colocar como vitima: simplesmente não deu certo e pronto.
Paulinha sempre me disse na terapia: "relacionamento saudável é aquele em que você está bem quando o outro está ao seu lado mas continua bem quando ele se ausenta, porque você gosta de estar com ele mas você ama estar na própria companhia." Ame a sua própria companhia. Cuide de você. E nunca a ponha a sua felicidade como responsabilidade do outro porque você corre um grande risco de se decepcionar.
Eu não estou dizendo que é fácil. Na verdade é muito difícil. Mas se sentir segura quando o outro te fere, te decepciona e vai embora é recompensador. Eu experimentei isso recentemente. Eu fiquei mal, me frustrei e já estava procurando o fundo do poço outra vez. Mas então, eu pensei: "Hey, eu não tenho que levar a culpa o tempo todo. Ele quem me procurou e ele quem foi embora. O problema não é meu". Então dessa vez eu não liguei de volta. Não implorei por atenção, companhia, nem migalhas de carinho e afeto é até porque eu não preciso disso. Respeitei a decisão dele de ir embora e continuo seguindo a minha vida. Amo meu trabalho. Amo minhas coisas. E adoro estar comigo. É como uma senhora que conheci semana passada - sábia experiente e que adora se cuidar- me disse: "Vamos ser feliz, menina e vamos para com esse negócio de paixonite aguda que isso não leva a lugar algum, hein."
Olha, li tudo isso é foi como um conselho escrito pra mim. Acho que estou passando por um momento muito parecido com o seu "Ele quem me procurou e ele quem foi embora." e acho que eles dois só perderam, tenho isso muito claro na minha cabeça, mas não no meu coração ainda, e essa saudade mistura com essa rejeição é que tão matando, não sei como consigo sentir saudade de quem me fez tão mal, mas é assim. Mas agora é tentar ir em frente e absorver esse texto ;) Grande beijo
ResponderExcluirOlá!Bom dia
ResponderExcluirFabi
é importante compreender que ninguém pode ajudá-la, enquanto não parar de se autopunir, de "pensar" que tudo que aconteceu foi um fracasso e começar a ver suas qualidades, seu lado positivo, sua própria luz... Mas nos aceitando não significa que não iremos nos modificar. É bom entender a diferença entre aceitação e resignação. Aceitar-se é muito positivo, é abrir-se às possibilidades, às modificações necessárias para a evolução e felicidade.
Obrigado pelo carinho da visita
Bela semana
Beijos
Oi Fabi
ResponderExcluirO problema é quanto criamos expectativas, aí as possibilidades de sofremos são grandes. A gente ouve muito a frase: gostar de se mesmo, e as vezes achamos bobagem, mas essa é a chave, se assim não for ficamos altamente vulneráveis.
Bjux