Era manhã e o dia começava a se mostrar quente depois de alguns dias de chuva.
- Qual o seu nome? - perguntou.
- Fabiana - Respondi. Em algumas situações não gostava de dizer meu nome as outras pessoas. Pensava que devia me chamar Aline, Fernanda, Patricia, qualquer outro nome que não fosse o meu. Mas só em algumas situações.
- Prazer, me chamo Jorge - disse ele quase tirando as mãos do bolso para me saudar. Eu não me movi . Ele se conteve.
- Imagina, o prazer é meu- respondi um pouco tímida.
É engraçado o modo que algumas pessoas se apresentam e invadem nossas vidas. Assim, como ele , só vi uma pessoa, Bruno, meu amigo virtual. É como se tivessem um jeito próprio , marcante. Chamam isso de simpatia ou presença marcante, prefiro chamar de originalidade, se é que posso.
Jorge comentou sobre o livro que estou lendo O caçador de pipas e falou da importancia da leitura, e sobre como ler abre novos horizontes. Depois em um momento da conversa, me contou um sonho estranho que teve noite passada.
- Sonho não ! Pesadelo... foi terrívell - disse ele, enquanto ajeitava o casaco no corpo.
Era estranho mesmo,algo parecido com uma sensação de culpa. Ele se lamentava, no sonho, pela morte de sua mãe e por não ter dito a ela o quanto a amava.
- Quando chegar em casa vou dizer a ela o quanto ela é importante - disse ele - vou dizer que a amo. Eu amo! - continuou- Só que ás vezes passo muito tempo sem dizer.
- Você tem mãe? Mora com ela? - perguntou olhando para mim.
- Sim. - senti uma leve culpa, acabara de despedir da minha mãe, minutos atrás e não disse a ela o quanto é importante pra mim.
Quando estava no ónibus, já voltando para casa, ainda me lembrava de Jorge e de seu sonho estranho. Minutos depois iria ler no livro O caçador de pipas , uma frase que o menino Hassan dizia a Amir, tentando alerta-lo, uma vez que ao contar -lhe sobre o sonho ele não deu importância:" O pai diz que os sonhos sempre querem dizer alguma coisa."
Verdade. Os sonhos sempre querem dizer alguma coisa, fiquei me perguntando porque Jorge me contou seu sonho... O que leva alguém a contar sonhos ou pesadelos a um desconhecido na fila de ónibus... Será que era um alerta para mim também?
Sonhos sempre querem dizer algo. Por mais que seja somente uma manifestação do nosso inconsciente nunca deixo de ficar admirado com eles. Sempre tem algo no outro dia que lembre o sonho. tenho medo dos meus. Me pergunto as vezes como Freud lidava com seus sonhos e pesadelos.
ResponderExcluir*ótima leitura viu Caçador de Pipas me ensinou muita coisa. Quando terminar o Livro assita o filme como complemento