Ele a tocava de um modo diferente, e sempre parecia se
comportar do mesmo jeito quando não tinha ninguém por perto.
Uma chance a sós e seus olhos passeavam pelo local suspeitos,
tememerosos de ser surpreendido, e então ele sussurrava a mesma
frase de sempre.
Era além de mais velho, bruto, ele a machucava, não literalmente,
mas a deixava constrangida. Em sua mente de adolescente, Mari
tentava lhe dar o mais naturalmente possível com essa situação. E
tentava formular um jeito de se proteger daquele homem que até
pouco havia se tornado um estranho para ela.
Mari julgava exagero de sua parte, pensar que qualquer outra
coisa estivesse rolando, mas ela nunca teve um relacionamento
estabelecido de convivência com seu pai, e não sabia bem como
os pais se comportavam.
No inicio ela tentou enxergar as coisas de um jeito mais natural,
mas após algum tempo, e após alguns acontecimentos, ela mudou
de idéia. Era estranho , perto de Jorge deveria se sentir amada,
protegida, querida. Mas se sentia vulneravél e nem um pouco a
vontade. Jorge era desses homens que a gente aprende a admirar
logo de cara , pai de família, responsável, experiente, prestativo
enfim... mas algumas de suas atitudes soavam estranhas. Mudava
seu comportamento repentinamente... e ás vezes Mari notava
uma certa ambiguidade nas palavras que lhe falava.
Mari ficava em silêncio a observa-lo mas era como
se ela não pudesse alcança metade das coisas que passavam pela
mente daquele homem ,
quando ele se calava ... parecia que tinha o futuro de Mari nas
mãos. Ás vezes ele agia como um amigo , como um tutor, como
um padrinho sei lá. outras vezes se tornava completamente
estranho e desconhecido e isso lhe causava muito
constrangimento.